Durante o 12º Desfile Étnico-Cultural Arte e Folclore, promovido pela UETI no dia 26 de agosto, a etnia Afro apresentou ao público a história da Rainha Ginga, uma importante escrava que ganhou notoridade, respeito e admiração entre os portugueses.
Nzinga viveu durante um período em que o tráfico de escravos africanos e a consolidação do poder dos portugueses na região crescia muito. Era filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluaje e de Guenguela Cakombe, e irmã de Ngola Mbandi (o régulo de Matamba), que, tendo se revoltado contra o domínio português em 1618, foi derrotado pelas forças sob o comando de Luís Mendes de Vasconcelos.
O seu nome surge nos registos históricos em 1621, como uma enviada de seu irmão, numa conferência de paz com o governador português de Luanda. Após anos de incursões portuguesas para capturar escravos, e entre batalhas intermitentes, Nzinga negociou um tratado de termos iguais, converteu-se ao cristianismo para fortalecer o tratado e adotou o nome português “dona Ana de Sousa”.
Guerreira e defensora da liberdade dos africanos, fez uma aliança com o povo Jaga. Dona Ana ganhou notoriedade durante a guerra por liderar pessoalmente as suas tropas preferindo que se dirigissem a ela como “Rei”. Em 1635, formou uma coligação com os reinos do Kongo, Kassanje, Dembos e Kissama.
A rainha manteve-se em paz por quase duas décadas. Traída pelos Jagas, formou uma aliança com os holandeses, que ocupavam boa parte da Região Nordeste do Brasil. Em 1657, retornou à fé católica. Em 1659, dona Ana assinou um novo tratado de paz com Portugal. Ajudou a reinserir antigos escravos e formou uma economia que não dependia do tráfico de escravos. Dona Ana faleceu de forma pacífica aos oitenta anos de idade, como uma figura admirada e respeitada por Portugal. Após a sua morte, 7 000 soldados da rainha Ginga foram levados para o Brasil e vendidos como escravos.